Sim, eu escrevi outras críticas nesse meio tempo, postei no Fila K e deixei o Fakeline de lado, mas isso não importa. Como eu fui ver o número de acessos do blog, e tudo continua numa média de 20 por dia, mesmo com meses sem posts novos, decidi que valia a pena tentar reviver a brincadeira aqui.
E o primeiro passo para fazer isso, me parece, é comentar sobre esse Outubro de 2013, que foi de longe o mês em que mais vi filmes.
Então agora seguem comentários brevíssimos, ou nem tanto, sobre todos esses filmes:
01 – O Enigma de Outro Mundo (The Thing, EUA, 1982) – ***
O suspense em alguns momentos é muito intenso e muito legal, o gore é excelente, e os sustos aparecem na medida certa. Mas os personagens são muito idiotas, em nada lembrando exploradores e cientistas baseados na Antártida.
01 – No Calor da Noite (In The Heat Of The Night, EUA, 1967) – *****
Intrigante desde os primeiros minutos, esse ótimo policial traz uma dinâmica perfeita entre Sydney Poitier e Rob Steiger e uma discussão importante sobre racismo e decisões precipitadas.
01 – The Brown Bunny (The Brown Bunny, EUA, 2003) – ***
O filme que ficou famoso graças à injustamente infame cena do boquete que a Chloë Sevigny faz no Vincent Gallo. A narrativa é construída bem devagar, com longos planos de vão do nada ao lugar nenhum, tudo para apresentar o estado de espírito deprimido do protagonista. Esteticamente é interessante, mas também muito arrastado e chato.
01 – 2019: O Ano da Extinção (Daybreakers, Austrália/EUA, 2009) – ***
O roteiro faz uma abordagem não usual a respeito do tema “filme de vampiros”, criando metáforas interessantes para a descriminação racial e étnica, mas a trama deixa a desejar.
01 – Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, EUA, 2012) – **
As cenas em câmera lenta do personagem título destruindo “vampiros” com o machado são legais. O resto é um lixo. E não botei aspas em “vampiros” por acaso, já que, andando em plena luz do sol, em momento algum aquelas criaturas lembram vampiros.
02 – Gosto de Sangue (Blood Simple, EUA, 1984) – ****
O primeiro filme dos Irmãos Coen tem uma trama simples, mas é incrivelmente tenso e consegue explorar os máximos de situações ordinárias.
02 – Christine: O Carro Assassino (Christine, EUA, 1983) – ****
Pouco sangue e quase nenhuma cena de morte, mas muito desenvolvimento de personagens e bastante suspense fazem desse um dos melhores filmes do John Carpenter – e uma das melhores adaptações de Stephen King, arrisco dizer.
02 – Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, EUA, 1987) – ****
Depois de um show de tensão, os Coen chamam Nicolas Cage e fazem uma comédia atípica, original e divertidíssima.
03 – Como Roubar Um Milhão de Dólares (How to Steal a Million, EUA, 1966) – ****
Fiquei com esse filme dentro da caixinha do DVD por meses porque a capa, os comentários, o elenco, absolutamente tudo dava a entender que seria uma comédia romântica. E é uma comédia romântica, só que é uma comédia romântica muito boa, e também é um heist movie criativo e divertido que rivaliza com Onze Homens e um Segredo.
03 – Rush: No Limite da Emoção (Rush, EUA, 2013) – ****
Alguns dizem que é o melhor filme já feito sobre Fórmula 1. Não sei, mas que é um filme muito bom, é sim, e é um dos melhores filmes do Ron Howard. As cenas de corrida estão entre os melhores momentos do cinema em 2013, Daniel Brühl vive um Nicki Lauda perfeito, e a trilha do Hans Zimmer é sensacional.
03 – Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, Nova Zelândia, 1994) – ****
A interação entre Kate Winslet e Melanie Lynskey é tocante, a direção de Peter Jackson é incrivelmente delicada, e o final é destruidor de almas.
04 – Ajuste Final (Miller’s Crossing, EUA, 1990) – *****
Acho que esse é o melhor filme dos Coen. Certamente é aquele com o roteiro mais complexo.
05 – O Justiceiro Mascarado (Franklyn, França/Inglaterra, 2008) – ****
Um filme sobre histórias. Não se deixem enganar pelo título idiota em português. A parte do “justiceiro mascarado” é apenas uma parte do filme. Uma de várias histórias que se entrelaçam de forma surpreendente e criativa.
05 – Os Candidatos (The Campaign, EUA, 2012) – ***
É mediano na maior parte do tempo, mas tem momentos de brilhantismo e algumas críticas severas às campanhas políticas norte-americanas.
05 – Carne (Carne, França, 1991) – ***
Gaspar Noé no início de carreira já era cruel.
05 – Sozinho Contra Todos (Seul Contre Tous, França, 1998) – ****
Dando continuidade à história, iniciada em Carne, do açougueiro de cavalos que perde o emprego, a filha e se vê sem razão de viver, esse filme aqui consegue ser extremamente brutal e tocante ao mesmo tempo. Não sei como Noé conseguiu isso.
06 – Vingança Sem Limites (The Girl From The Naked Eye, EUA, 2012) – ***
As cenas de luta são muito bem coreografadas e divertidas, mas o filme perde a força quando tenta dar uma de noir e fazer o protagonista lançar monólogos pretensiosos no ar enquanto o roteiro pausa para flashbacks que quebram o ritmo da narrativa.
07 – Equilibrium (Equilibrium, EUA, 2002) – ****
Uma mistura da estética de Matrix e da narrativa de Um Vingador do Futuro e com várias nuances de ficção científica espalhadas pelo filme, esse é um excelente exemplo de filme de ação que não deixa a história de lado.
07 – Reino de Fogo (Reign of Fire, EUA/Inglaterra, 2002) – ***
A atmosfera é legal, o elenco é bom, e os efeitos são ótimos, mas a história é pouco interessante e mal desenvolvida.
08 – Cypher (Cypher, Canadá/EUA, 2002) – ****
Uma daquelas joias que vão direto para vídeo. Ficção científica divertida e cheia de reviravoltas inesperadas.
08 – Alucinações do Passado (Jacob’s Ladder, EUA, 1990) – ****
No final, nada faz muito sentido, mas a angústia e a tensão crescentes até lá são dificilmente ignoradas.
08 – Acorrentados (The Defiant Ones, EUA, 1958) – *****
Nessa crítica pesadíssima ao racismo, Sydney Poitier e Tony Curtis crescem como atores junto com o crescimento emocional dos seus emblemáticos e ricos personagens.
08 – Zift (Zift, Bulgária, 2008) – ***
Não dá para definir Zift em apenas um gênero. Por um lado, isso é bom, pois mostra que o filme é criativo e tenta sair do lugar comum. Por outro lado, é ruim, pois mostra que o roteiro e a direção não sabiam muito bem como fazer isso.
09 – O Grito (Ju-on, Japão, 2002) – **
Chato, mal feito e com poucos momentos de tensão, esse é mais um dos incompreensivelmente adorados exemplares do terror japonês.
10 – Metallica: Through The Never (Metallica: Through The Never, EUA, 2013) – ***
A história não existe e o projeto é apenas uma desculpa para exibir um show no Metallica no cinema. Mas quem conseguiu ver o “filme” no IMAX não se arrependeu, porque o som da banda naquele sistema de som sensacional do IMAX é algo para nunca mais esquecer.
11 – Riddick 3 (Riddick, EUA, 2013) – ****
Olha, eu não vi Eclipse Mortal, nem A Batalhe de Riddick, mas gostei bastante desse Riddick 3, que consegue se sustentar sozinho muito bem sem o arco narrativa dos filmes anteriores e oferece diversas cenas de suspense.
12 – Delicatessen (Delicatessen, França, 1991) – ****
O filme de estreia de Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro é surpreendentemente criativo em todos os sentidos.
13 – O Fabuloso Doutor Dolittle (Doctor Dolittle, EUA, 1967) – **
Muito, muito, muito mais longo do que deveria e com números musicais sem a menor criatividade, é um filme chato pra caramba que só merece ser lembrado pelo discurso pró-direito dos animais.
14 – Starman: O Homem das Estrelas (Starman, EUA, 1984) – **
A única coisa interessante aqui é a atuação de Jeff Bridges, porque o resto ou é chato, ou não faz sentido, ou é esquecível.
15 – Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses (Dragon Ball Z: Kami to Kami, Japão, 2013) – ***
Divertido e engraçado, fazendo piadas a respeito dos clichês da série, o filme peca por não oferecer nada de novo.
16 – Os Suspeitos (Prisoners, EUA, 2013) – *****
Um dos melhores filmes do ano. Tenso, tocante e intrigante como poucos.
16 – Nove Crônicas Para um Coração aos Berros (Brasil, 2013) – ***
A primeira metade é arrastada e não parece justificar as várias histórias paralelas, mas aos poucos o filme engrena e demonstra um senso de humor maravilhoso.
17 – Rota de Fuga (Escape Plan, EUA, 2013) – ***
Stallone e Schwarzenegger juntos, só isso já vale o filme. A direção é suficientemente criativa para tentar mascarar os furos do roteiro, e Schwarzenegger tem a melhor atuação da sua carreira – e ele consegue isso apenas ao berrar em alemão enquanto finge um ataque de pânico.
17 – Gravidade (Gravity, EUA, 2013) – *****
Alfonso Cuarón sendo gênio e quebrando paradigmas cinematográficos. Um dos poucos filmes que literalmente me deixaram sem fôlego.
18 – Os Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China, EUA, 1986) – ***
É divertido e tem algumas boas cenas de ação, mas o roteiro é tão viajado, que em momentos a história simplesmente se torna absurda demais.
19 – Death Game (Death Game, EUA, 1977) – ****
À parte o bigode excessivamente setentista do protagonista, o filme é incrivelmente tenso e cruel no seu retrato cru de um evento real.
19 – Incêndios (Incendies, Canadá, 2010) – *****
Acaba o filme e tu sente tua alma pisoteada e chutada pra longe. A narrativa é dramática e intrigante na medida certa, e o final é surpreendente e destruidor.
20 – Shaft (Shaft, EUA, 2000) – ***
Não fosse a intensidade de Samuel L. Jackson e a pilantrice de Christian Bale, esse seria apenas mais um filme policial.
21 – Carlos, O Chacal (Carlos, França, 2010) – *****
Esse filme é foda. São mais de cinco horas e quando acaba tu pensa que poderia ver mais cinco.
22 – A Mão do Diabo (Frailty, EUA, 2001) – **
Um daqueles casos em que o final estraga o filme todo.
23 – Aquário (Fish Tank, Inglaterra, 2009) – ****
Estreia chutadora de bundas da atriz Katie Jarvis nesse forte drama neorrealista da diretora Andrea Arnold.
23 – O Capital (Le Capital, França, 2012) – *****
Costa-Gavras mostra que continua afiado, não só como um bom diretor, mas como um crítico ferrenho do capitalismo selvagem, fazendo desse seu O Capital um excelente thriller passado dentro do mundo da especulação financeira.
23 – Gravidade (Gravity, EUA, 2013) – *****
Tão bom e intenso quanto da primeira vez.
24 – Os Mercenários 2 (The Expendables 2, EUA, 2012) – ***
Melhor que o primeiro, mas ainda longe da epicidade a que um elenco daqueles permitiria um bom diretor chegar.
25 – Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, EUA, 2011) – ***
Poderia contar com uma trama mais desenvolvida, mas independente disso consegue ser muito engraçado em vários momentos graças à boa dinâmica do elenco e a todas as cenas com Kevin Spacey.
25 – A. I. Inteligência Artificial (A. I. Arfiticial Intelligence, EUA, 2001) – ***
Estou até agora tentando entender porque tanta gente odeia esse filme.
26 – Príncipe das Sombras (Prince of Darkness, EUA, 1987) – *
Um lixo em todos os sentidos possíveis. Talvez o pior filme de John Carpenter (e só não afirmo com certeza porque ainda não vi todos).
27 – Fahrenheit 11 de Setembro (Fahrenheit 9/11, EUA, 2004) – *****
Só agora eu vi, ok? Mas, mesmo já sabendo de várias coisas apresentadas nesse documentário, ainda assim fiquei intrigado com a forma como Michael Moore foi desencravando as intrigas entre a família Bush e a família Bin Laden.
27 – Argo (Argo, EUA, 2012) – *****
Revisto depois de um ano, Argo continua intrigante e tenso na medida certa, e eu continuo discordando de quem reclama do terceiro ato.
28 – Sobrenatural (Insidious, EUA, 2011) – ***
Tem uma premissa melhor que seu desenvolvimento, mas ganha pontos por contar com personagens que fogem da imbecilidade presente em tantos outros filmes do gênero.
29 – Capitão Phillips (Captain Phillips, EUA, 2013) – *****
Paul Greengrass prova de uma vez por todas que é um dos melhores diretores da atualidade, e aquele que melhor consegue fazer suspense até da situação mais banal possível. Bônus por garantir que Tom Hanks entregue a melhor performance de sua carreira desde Náufrago.
Sim, não me perguntem como eu consegui ver tantos filmes ao longo de outubro e mesmo assim falhar em ver filmes nos últimos dois dias do mês.