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Chéri

06/02/2010

Agora o filme que vi imediatamente depois de Coco Antes de Chanel:

Não tem muito que falar de Chéri (Chéri, 2009), o novo filme de Stephen Frears. É um filme de época. Ou melhor, é um conto de época.

A história é assumidamente clichê. É um romance dramático. A Madame Peloux pede à sua amiga Lea de Lonval que a ajude a saber o que incomoda seu filho, Fred. Lea é uma espécie de madrinha para Fred, e seu modelo de maturidade, por assim dizer. E ‘Chéri’ (que se fala Cher-í) é como Lea chamava Fred quando ele era criança. Então Lea o convida para passar um tempo em sua casa, na Normandia. Ele vai e lá eles começam um affair, para dizer o mínimo.

Essa é a sinopse geral de Chéri, que devia se chamar Lea, ou melhor, ‘Nounoune’ (como Chéri a chama), pois é ela a real protagonista. Ok, na verdade o roteiro meio que alterna o tempo de cena entre Chéri e Lea, mas Lea é mais interessante. Primeiro por que é Michelle Pfieffer que está no papel. Depois por que o próprio personagem de Chéri não tem atrativos (algo ajudado pela interpretação sem sal de Rupert Friend… mas tudo bem, culpemos o personagem).

A partir disso que contei acontecem desdobramentos completamente convencionais na trama: um casamento arranjado, um amor separado, infelizes no casamento, blábláblá. Mas em parte estaria sem problemas, pois a entrada do filme assume invariavelmente o ‘clichê’ como centro da narrativa. Somos apresentados à história por um narrador, o que ajuda a compor a aura de ‘conto’. O problema é que o narrador aparece e desaparece sem nenhuma lógica. Às vezes ele demora demais a voltar. E também é o narrador o encarregado de nos contar o final do filme, que é também a pior parte do filme. Artificial e forçado, no fim não conseguimos nos importar com o modo que a história termina.

Muito disso por que o roteiro do experiente Christopher Hampton tenta colocar em um só filme de menos de duas horas o conteúdo de dois romances inteiros. Não tinha como dar certo, convenhamos. E não dá.

No entanto a produção se encarrega de tornar a vista do filme mais agradável. A direção de arte (Alam MacDonald) faz um belo trabalho com a recriação de época, e os figurinos (Consolata Boyle) se mostram de longe mais competentes que aqueles vistos em Coco Antes de Chanel – inclusive a indicação ao Oscar devia ir para Chéri. Tudo isso realçado pela bonita fotografia de Darius Khondji. E de novo é surpreendente Alexandre Desplat que nos serve uma bela trilha sonora.

O filme ainda conta com uma divertida performance de Kathy Bates, e conta com uma cena em que é possível ver o talento de Felicity Jones, que faz a esposa de Chéri. Ela é tratada o tempo todo como se fosse apenas um figurante, com poucas falas e sem chance de expressar nenhuma emoção, mas nessa cena específica Jones mostra que tem futuro.

Mas considerando todas as qualidades e todos os defeitos do filme, chegamos uma conclusão: Chéri é um filme de época. . Nota: 3/5.

(filme visto em 04/02/2010)